domingo, 11 de dezembro de 2011

Fiat Uno Vivace, boa surpresa (Parte 4, Na Estrada II)

Veja aqui como o Uno Vivace se sai em uma estrada de mão única, vazio ou carregado. A seguir, falaremos sobre o comportamento do veículo em uma estrada de mão dupla, mal conservada.

3. BR-101 Norte

Quando o Uno Vivace se depara com uma rodovia não-duplicada, lotada de caminhões e constantes alterações de relevo, fica evidente a falta de força do motor, tornando a viagem à bordo do compacto um exercício de paciência.

Não espere muito de mim. Foto: Divulgação

As ultrapassagens devem ser bem planejadas, bem como o motorista precisa de cuidado para manter as rotações do pequeno Fire EVO na faixa ideal de torque assim que for iniciada a manobra. Não se deve ter receio de pisar fundo no acelerador.

Como o modelo avaliado não possuía conta-giros, fazia-se necessário manter os sentidos atentos para antever a chegada do motor ao seu limite de corte. Com a convivência de mais de 1.000 km, eu e o Uno já nos conhecíamos bem, tornando fácil a minha tarefa de entender quando o carro queria mais uma marcha para entregar seu desempenho máximo, enquanto ele entendia que eu buscava algo impossível aos limites dele, porém, mostrou-se um sujeito esforçado.

É sempre necessário reduzir para 3ª marcha em qualquer situação aonde deseja-se ganhar velocidade, como uma retomada de 70 para 100 km/h por exemplo. Em ultrapassagens mais longas que requerem mais velocidade, talvez acima do limite por alguns instantes, o correto é manter a 4ª até o fim da manobra, engatando a 5ª marcha somente quando for retornar à velocidade de cruzeiro.

Mas trocar marchas com o Uno não é uma tarefa muito desagradável. Apesar da distância grande da alavanca para o volante e da precisão dos engates não ser a melhor do mundo, o câmbio do pequeno Fiat supera de longe alguns concorrentes.

A suspensão absorve muito bem as imperfeições do asfalto mal-conservado, sem causar desconforto aos ocupantes com sacolejos indesejados. A qualidade de montagem da carroceria fica evidente graças à ausência de rangidos. Quanto à montagem do acabamento, a ressalva fica apenas sobre o tampão do porta-malas que começou uma batucada para animar a viagem mas se esqueceu de parar.

Como pontos positivos podemos citar novamente os freios muito bem dimensionados, com modularidade excelente. A estabilidade também merece aplausos, mesmo em curvas feitas sobre asfalto irregular o conjunto composto por McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira não fazem feio. De fato um consumidor que trocou seu antigo Uno pelo novo Uno não vai reclamar da falta da suspensão independente na traseira, afinal o carro evoluiu em diversos aspectos que compensaram esse quesito.

Sob chuva torrencial o carro se manteve estável, ignorando os fortes ventos e as poças d'água que surgiam pelo caminho, sendo que parte do mérito deve ser creditado na conta dos ótimos pneus Bridgestone B250 Ecopia. A visibilidade era garantida por limpadores que varrem uma grande área do para-brisa, mesmo não sendo flat-blade como os do Novo Palio.

Na hora de abastecer, o consumo surpreendeu, mas dessa vez de forma negativa, pois era esperado um valor melhor, mesmo com os longos períodos de giros altos. O número de 9,6 km/l com E100 no tanque e ar-condicionado ligado é compatível com o de modelos maiores e mais potentes, que obviamente tornam a viagem mais agradável e mais rápida.

Mas o longo tempo à bordo do carro não é de todo mal, pois como dito anteriormente, o conforto é muito bom para um veículo popular, exceto pelos plásticos duros na porta que maltratam os cotovelos em um "lazy pilot", aquela situação em que dirigimos apoiando o cotovelo esquerdo na porta e seguramos o volante com a mão direita.

Ao final da viagem, eu e o Uno estávamos cansados, numa clara demonstração de que excedemos os limites um do outro e nos forçamos a condições a quais não fomos projetados. No caso do Uno para estradas deste tipo e quanto a mim, para carros de baixo desempenho.

Talvez nem mesmo o motor Fire EVO 1.4 com seu pequeno ganho de torque e potência em relação ao 1.0 seja suficiente para o peso do compacto, abrindo espaço para a utilização do MultiAir 1.4 16V do Fiat 500 ou mesmo partir para o E.TorQ 1.6 16V, mesmo que isso pudesse causar uma canibalização das vendas do Palio.

Se você é um consumidor que usa estradas de mão dupla com frequência, passe longe do Fiat Uno Vivace 1.0. Caso o carro em si lhe desperte interesse e paciência lhe for uma virtude, as versões 1.4 podem lhe servir, embora o ideal seja olhar para outros modelos da concorrência. Que tal um Nissan March 1.6 ou um  VW Gol 1.6 por exemplo?

Na próxima parte, teremos as considerações finais sobre o Fiat Uno Vivace 1.0.

Marcelo Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...