sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Fiat Uno Vivace, boa surpresa (Parte 2, Na Cidade)

Esta é a segunda parte da avaliação do Fiat Uno Vivace. A primeira parte pode ser acompanhada aqui.

Ao manobrar o Uno no pátio da locadora, fui agraciado com uma direção hidráulica suave, com um diâmetro de giro excelente, como devem ser os carros compactos. Os pedais são perfeitamente alinhados entre si e também com o volante e o banco do motorista. Com a calibração do acelerador eletrônico que provê pouca sensibilidade no primeiro quarto de acionamento e o pedal da embreagem de curso bastante longo, o Uno é um bom carro para aqueles que acabaram de aprender a colocar um carro em movimento. O pedal de freio também possui sensibilidade correta, não é binário como os Fiat Palio da primeira e segunda geração.

Fiat Uno

Logo ao vencer as primeiras lombadas, percebi que a suspensão é macia e a carroceria passa uma boa impressão de qualidade de montagem. O transpor de obstáculos é tranquilo e sem sustos, pois o carro tem boa altura do solo e bons ângulos de entrada e saída, tornando quase impossível a desagradável sensação de raspar a frente do carro em algo. Isso também inclui facilidade para vencer rampas de garagem mal projetadas.

A alavanca do câmbio de 5 marchas tem curso longo e não é um primor de precisão, mas cumpre bem seu papel. Para dar marcha-á-ré, faz-se necessário o acionamento de um desnecessário anela para destravar o engate, algo também visto nos Fiat Palio em 1996. Quanto à relação das marchas de força, é bem curta, facilitando a vitória sobre a inércia, seja no plano ou em alguma subida. Dá até para sair em segunda e o carro não reclama.

O motor FIRE EVO 1.0 possui 75 cv @6.250 RPM e 9,9 kgfm @3.850 RPM (E100) e permite mobilidade ao modelo de 895 kg, sem dificuldades para acompanhar o fluxo do trânsito na maioria das situações. Mas em mudanças de faixa, por exemplo, é necessário subir o giro sem dó para ganhar velocidade compatível com a manobra ou então abortar a tentativa.

Devido ao torque máximo ser atingido em uma rotação elevada para um motor de duas válvulas por cilindro, acessos a vias expressas e passagens por cruzamentos devem ser bem calculados e planejados, a menos que o condutor do Uno não se importe de ser alvo da ira de outros motoristas. Pelo menos os freios  são bons e bem calibrados, com baixa tendência ao travamento, mesmo quando exigidos ou em piso molhado. Mas o marasmo nas acelerações é algo comum a carros 1.0, exceto aqueles com câmbio curtíssimo como Nissan March e Chevrolet Celta.

O isolamento acústico do compacto é muito bom, mantendo os ocupantes alheios à poluição sonora dos grandes centros urbanos e, a menos que o ventilador do ar-condicionado esteja acima da velocidade 2, é possível ouvir uma música de qualidade nos auto-falantes do carro sem ser incomodado.

O interior pode ser assim, basta pagar.

Com 3.77 m de comprimento e 2.38 m de entre-eixos, a tarefa de encontrar uma vaga para o Uno é tranquila, enquanto sua largura de 1.64 m é ideal para o modelo encontrar seu espaço em meio ao trânsito conturbado. Os enormes retrovisores também contribuem para o bom comportamento do carro em meio ao caos urbano. A visibilidade em geral é boa, exceto pelas largas colunas traseiras que dificultam a tarefa de transpor traiçoeiros cruzamentos em diagonal.

Os bancos são simples porém confortáveis, sendo que 2 ou 3 horas no trânsito pouco serão sentidas pelo motorista e passageiros na forma de dores ou desconforto. O banco traseiro tem fácil acesso e comporta sem problemas uma ou duas cadeirinhas infantis, mas não conta com ISOFIX, LATCH ou coisa parecida. O porta-malas abriga com louvor as compras de uma família pequena, mas não vai muito além disso. Talvez aquele engradado com as 20 caixas de leite fique no banco traseiro, visto que não há assento bipartido, nem como opcional.

Na questão da economia de combustível, a Fiat buscou ajudar com o uso dos pneus Bridgestone B250 Ecopia (175/65 R14) de baixa resistência ao rolamento, além da adoção do econômetro no painel. Porém, devido à necessidade de andar com o giro muito elevado a maior parte do tempo, eram raros os momentos que o ponteiro do econômetro repousava sobre a parte verde deste, me deixando bem claro que a minha forma de condução não era muito agradável ao planeta. Ainda assim consegui um consumo muito bom, com E100 no tanque e ar-condicionado ligado, calculei 8,2 km/l em 180 km de trânsito bastante intenso.

No geral, pode-se dizer que o Fiat Uno Vivace 1.0 é um carro muito bom para ser utilizado na cidade, e não há surpresa nisso. Econômico e confortável, é um bom parceiro do dia-a-dia no trajeto para o trabalho, bem como atende bem às necessidades de uma dona de casa ou um estudante universitário. Porém, com o preço de tabela de R$ 28.480,00 (Vivace 1.0 4p), ele deixa de ser bom negócio quando se olha para o lado no showroom e lá está o Uno Economy 1.4 (R$ 29.950,00 4p), com 13 cv e 2,6 kgfm, que fazem bastante diferença, ainda mais pelo fato do peso aumentar meros 30 kg. A diferença de preço entre os dois é compensada no consumo em pouco tempo, pois um motor maior requer menos esforço para colocar o carro em movimento, resultando em menor gasto de combustível.

Na próxima parte, veremos como se sai o Fiat Uno Vivace 1.0 em uma estrada de mão única.

Marcelo Silva

Fotos: Divulgação

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