quarta-feira, 14 de março de 2012

Avaliação VW Gol 1.0, Parte 1 - Aspectos Gerais

Na continuidade de nossos esforços para oferecer informações sobre os mais variados veículos do mercado mesmo sem dispor de veículos emprestados por montadoras, nós do Direção Assistida buscamos todas as formas de obter carros para teste, seja para impressões rápidas ou avaliações completas. E o mais novo modelo avaliado por nós é o VW Gol 1.0, passo imediatamente acima em relação ao VW Gol Ecomotion, e concorrente direto do Fiat Uno Vivace 1.0, também avaliado por nós.


Foi difícil conseguir esse carro para avaliação. Primeiro buscamos em todas as locadoras possíveis, mas em nenhuma delas o VW Gol estava disponível, apenas Fiat Uno ou Chevrolet Classic. Como a minha intenção era avaliar o modelo mais vendido do Brasil (até o mês passado, pelo menos) em sua versão que concorre diretamente com outro carro já avaliado por nós, mantive a persistência, mas confesso que quase mudei o foco da avaliação. Foi quando, beirando a chatice, liguei para uma das locadoras e fui informado que um VW Gol tinha acabado de ser devolvido. Fui lá imediatamente e peguei o carro prata que vocês podem ver nas fotos.


A versão da frota é bem básica, 11/12, contém apenas ar-condicionado, direção hidráulica, vidros elétricos na dianteira e travas elétricas. Sequer há conta-giros, o que me fez lembrar do Uno, que era equipado nas mesmas proporções. Uma surpresa positiva foi o ajuste de altura para o banco do motorista, que me permitiu ficar em uma posição bem agradável para dirigir.

 

Exteriormente, também não há nada de especial, nem mesmo frisos nas portas, o que deixa o compacto à mercê de pessoas que abrem a porta sem se preocupar com o vizinho ao lado. As dimensões são 3,90 m de comprimento, 1,65 m de largura, 1,45 m de altura e 2,46 m de distância entre eixos. Em comparação com o rival Uno, é 13 cm maior no comprimento e possui 8 cm a mais entre os eixos. Porém, essa diferença não se traduz em maior espaço interno, mas traz diferenças sensíveis no comportamento dinâmico, que falaremos mais tarde.

 

O porta-malas abriga 285 litros, suficiente para as malas de uma família pequena, mas sem exageros. O tanque de combustível com 55 litros é notável, são nada menos do que 14 litros a mais do que cabe no reservatório do Nissan March, por exemplo. A massa do compacto é de 947 kg.

Dentro do cofre do motor reside um EA-111 VHT 1.0 8V, com 72/76 cv @ 5.250 RPM de potência e 9,7/10,6 kgfm @ 3850 RPM de torque com Gasolina e Etanol no tanque, respectivamente. A taxa de compressão é de elevados 13:1, o que explica o ganho de quase 1 kgfm de torque quando usando combustível derivado da cana. Minha única crítica vale também para o VHT 1.6, que é a chegada muito precoce da faixa de potência máxima, fato ainda mais agravado pelo torque "tardio" da versão menor. 


De qualquer forma o torque entregue por esse motor faz jus ao nome Very High Torque, que apesar de não tão "very high" assim, está acima da concorrência, que inclui o D4D 16V do Renault Clio e Nissan March. Se não fosse o suficiente, o excelente câmbio MQ 200 da Volkswagen trabalha a favor do pequeno motor. Sempre que tenho a oportunidade de estar ao volante de um Volkswagen equipado com esse câmbio, imagino como seria feliz o casamento desta caixa com um motor mais moderno.

Em contato com o chão, há pneus Goodyear GT2 175/70 R14. Esses pneus são um remake do Goodyear GPS2, que não oferece nada de especial e cumpre suas funções de forma satisfatória. Não entendo o motivo da VW ter optado por altura 70 ao invés de 65, mas é sempre recomendável confiar nos engenheiros e manter a originalidade. O conjunto de suspensão é McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira. Freios são à disco ventilado na dianteira e tambor na traseira, com ABS opcional.


Voltando ao interior do carro, nota-se logo que o painel é superior a outros populares. As saídas de ar redondas são mais bem trabalhadas do que a média, os encaixes são bem feitos e os materiais são de bom gosto. De qualquer forma, não deixa de ser simples. Nas portas há aplique de tecido no local aonde apoiamos o cotovelo, não é muito macio, mas é agradável. Os comandos dos vidros e travas elétricas ficam ao alcance das mãos. Nas portas os porta-mapas são de qualidade ruim e possuem aspecto frágil, não há porta-garrafas. Os porta-copos à frente do câmbio servem apenas para copos de 300 ml.

A alavanca de câmbio possui um revestimento simples, mas é de boa pegada. O volante de aro fino e aspecto pobre destoa do interior e desagrada. Os bancos possuem um tecido meio áspero, de aspecto pobre, mas o corpo fica bem apoiado. A espuma destes, apesar de dura, não cansa os passageiros. Como já mencionei, a posição de dirigir é adequada, só faltou o ajuste de altura e profundidade da coluna de direção, que é opcional. Para a cabeça, sobra espaço, mesmo para motoristas altos, graças ao ajuste de altura do assento. Mesmo assim, tal ajuste só tem duas posições, diferente do que existe no Fox ou Polo por exemplo, com altura regulável em vários níveis.


Dois passageiros de estatura mediana viajam com relativo conforto nos bancos traseiros, mas passageiros muito altos irão sofrer. Eu não consegui me posicionar atrás do meu próprio assento, faltou espaço para as pernas, cabeça e ainda fui agredido pela manivela de acionamento do vidro e pelo apoio de cabeça em forma de vírgula. 

O acesso ao porta-malas é difícil para cargas muito pesadas, pois sua "boca" fica muito longe do solo, além de ser bastante funda pela parte de dentro. Além disso, a tampa do porta-malas quando aberta fica em uma altura elevada, causando problemas para quem tem garagem muito baixa ou tem menos de 1,70 m. No mesmo local, abaixo do carpete, dorme o estepe e as ferramentas.


A ergonomia é louvável afinal todos os comandos estão à mão, assim como o acionamento destes é feito de forma suave. Graças à origem alemã, tudo está do jeito correto no interior do carro. A buzina no lugar certo, travas elétricas com pinos que se destravam ao abrir a maçaneta, acionamento de faróis, lanternas e limpadores sem qualquer mistério.

Deixo um destaque negativo para o peso do capô, que pode ser usado como aparelho de exercício para bíceps e faz um barulho horrível quando é delicadamente "largado" na hora de fechar. Outro destaque negativo fica para a falta de abertura interna do porta-malas nessa versão mais simples, além da falta de alavanca para abertura do bocal do tanque de combustível, obrigando que a chave seja fornecida para o frentista no momento do abastecimento. Não que os concorrentes sejam diferentes, mas inovar não custa nada.

No geral, o VW Gol 1.0 deixou uma impressão positiva e interessante, mas não se destacou muito da maioria dos populares, ficando pouca coisa acima do Fiat Uno e outros. Vejamos nos próximos posts como será o comportamento do compacto em movimento.

Texto e fotos: Marcelo Silva

2 comentários:

  1. te falar que quando avaliar o 1.6 o interior é copy and paste desse que vc colocou...hehehe

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. hehehehe...só muda o herz do bichinho, deve ser uma delícia para acelerar!

      Excluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...