quinta-feira, 5 de abril de 2012

A solução definitiva

Enquanto eu estava avaliando o Fiat Grand Siena Dualogic (em breve publicarei as impressões aqui) em um engarrafamento épico, veio-me à cabeça um pensamento interessante: seria esse robô trocador de marchas e causador de (cada vez mais raros) trancos a solução para grande parte dos problemas no trânsito? Acredito que sim, e digo os motivos.

Dualogic, usado nos modelos Fiat.


Mas antes, permita-me explicar brevemente qual é a grande jogada do câmbio automatizado (com uma embreagem). Sei que você já deve estar cansado de saber que esse câmbio é diferente do automático por: dar trancos, possuir embreagem, não possuir conversor de torque, usar a mesma caixa do câmbio mecânico, etc. No fundo, o câmbio automatizado se trata apenas de um robô esperto que, no momento da troca de marcha, corta a aceleração, aciona a embreagem, troca a marcha e libera a aceleração novamente. Simples assim.

O câmbio automatizado é mais rápido do que um automático convencional, mais barato e consome menos combustível. Diante disso, qual o motivo que leva fabricantes a utilizarem ainda câmbios automáticos pesados e lentos em seus veículos, até mesmo carros pequenos, como Peugeot 207 e Renault Sandero? Um dos motivos é a falta de suavidade do câmbio automatizado, que dá severos soluços em algumas trocas de marcha. Outro motivo é a provável baixa durabilidade da embreagem, que é relatada por alguns usuários, visto que o conjunto fica "patinando" mais do que um motorista comum (e habilidoso) faria.

Easytronic, usado no Chevrolet Meriva.

Quanto à durabilidade da embreagem, não há nada que o motorista pode fazer. Porém, há formas para minimizar e até mesmo eliminar o tranco dado pelo câmbio automatizado, bastando apenas deixar a preguiça de lado e aliviar a carga do acelerador nas trocas de marcha, ajudando o pobre robô. Você já economizou metade do que pagaria em um câmbio automático comum, e além disso ainda quer ter o mesmo resultado? Lamento, mas comodismo e economia são duas moças completamente diferentes. Casou-se com uma? Esqueça a outra.

No começo do texto eu disse que esse câmbio é a solução para grande parte dos problemas no trânsito. É verdade, juro. Veja abaixo:

1. No modo AUTO, as trocas de marcha são feitas na rotação correta. Ou seja, esqueça aquelas situações em que o preguiçoso motorista à sua frente resolve passar em uma lombada a 20 km/h em 4ª marcha sem reduzir para ganhar velocidade. Ou então aquele cidadão esperto em um carro 1.0 que resolve entrar na sua frente a 50 km/h na estrada em 5ª marcha e afunda o pé para ganhar velocidade tão rapidamente quanto a sua sogra se arruma para sair.

ASG ou I-Motion, usado nos modelos VW.

2. Carro com câmbio automatizado não "morre". Essa é meio óbvia, mas pode ajudar muitos motoristas inexperientes que carregam ao longo de sua vida uma certa dificuldade no trato com a embreagem. Ajuda também àqueles que estão aprendendo a dirigir, sem o risco de deixar o carro "morrer" naquela estreita avenida movimentada na hora do rush causando uma adorável sinfonia de buzinas.

3. Abriu o sinal, basta acelerar. Ainda sobre o camarada com dificuldade no trato com a querida embreagem, no carro com câmbio automatizado não há mais aquela dolorosa sequência de pisar-na-embreagem-engatar-a-primeira-ir-soltando-a-embreagem-e-acelerando-devagar-ai-meu-Deus-vai-morrer-o-carro que tanto aflige o camarada desde a Auto-Escola.

4. Ultrapassagens feitas sempre na marcha e rotação correta. Diante disso, esqueça aqueles camaradas que teimam em achar que o valente motor 1.6 embaixo do capô tem tanto torque em baixa como um V8 Big Block e fazem ultrapassagens em 5ª marcha, atormentando quem vem atrás e gelando a espinha de seus pobres passageiros. Com o câmbio automatizado, mesmo em modo manual, basta um kickdown e uma ou duas marchas são reduzidas para o motor fornecer toda a sua força.

5. Câmbio automatizado não tira força do motor. Claro que não há milagres, pois as trocas costumam ser mais lentas do que um habilidoso motorista faria. Porém, a diferença é pequena demais para fazer algum efeito prático no dia-a-dia. E, sem a presença incômoda do conversor de torque, praticamente toda a força do motor está ao seu dispor, quase como acontece com o câmbio manual. Logo, não há qualquer contra-indicação na utilização de câmbios automatizados em raquíticos motores 1.0.

No detalhe, a borboleta de redução de marcha ( - ). O paddle shift.

6. Há diversão para todos os gostos. Um câmbio automatizado comum aqui no mercado nacional oferece no mínimo três modos de condução: AUTO, SPORT e MANUAL. No modo AUTO, as marchas são trocadas sem a intervenção do motorista, geralmente privilegiando o consumo e de forma bem lenta. No modo SPORT, as trocas de marcha ocorrem em rotações maiores, e são mais rápidas, proporcionando o máximo que o motor oferece. E já no modo MANUAL, a brincadeira fica por sua conta, seja atuando na própria alavanca ou por meio de borboletas atrás do volante. Só a sua avó estaria mais propensa a fazer as suas vontades.

Claro que nem tudo são flores. Há as mensagens irritantes como "manobra não consentida" quando você tenta reduzir uma marcha a 4500 RPM em um automatizado da Fiat, por exemplo. Ou então aqueles (não raros) momentos em que o câmbio no modo AUTO fica indeciso como vestibulando na hora de escolher a marcha certa para ocasião. Mas tudo é questão de adaptação, lembrando-se que você pode gentilmente sugerir ao câmbio qual marcha usar, por meio do seletor manual.

Dados os fatos acima expostos, conclui-se que, com motoristas utilizando a marcha correta de acordo com a velocidade, estes estão menos propensos a causar a falta de paciência alheia. E com motoristas mais calmos diante de um trânsito que flui melhor, reduz-se o risco de acidentes causados por irritabilidade extrema. Além disso, não há quem não se divirta trocando marchas por meio de borboletas atrás do volante.

E há algo melhor? Sim. São os câmbios automatizados de dupla embreagem, que atendem pelo nome DSG na Volkswagen, Powershift na Ford e S-Tronic na Audi, para citar alguns exemplos. Mas este é um assunto para outro post.

Ei, já conhece o nosso twitter? @DAssistida

Texto: Marcelo Silva
Fotos: Divulgação

Um comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...